Anabela Teixeira. Uma surpresa muito agradável durante a rodagem. Pergunta retórica: como construir uma imagem errada de uma pessoa? Após terminar o bacharelato na escola de cinema, ainda no bairro alto, a Anabela tinha entrado para o curso de interpretação que funcionava no terceiro andar do Conservatório. E na altura, ela estava a filmar "A Viúva do Enforcado", uma das primeiras séries de grande audiência da recém criada SIC. Estavamos em 1992/1993 e eu ia à escola visitar ex-colegas do curso... Eu tentava assistir às aulas de Direcção de Actores, dadas pelo Ricardo Pais, que estivera ausente da escola durante a minha frequencia do curso. Pedi ao José Bogalheiro, director da escola, para assistir às aulas do Ricardo de uma maneira não oficial - no fundo, para me sentir compensado da inexistência da disciplina durante os anos que frequentei a Rua dos Caetanos. Ia às aulas da turma da Bárbara Dória, do Pedro Madeira, da Susana Madeira e creio que da Regina Morais (que também foi a enérgica Assistente de Realização de 1 Motivo...).
Ora, a Anabela andava por lá nessa altura. E aqueles olhos assustavam qualquer pessoa... Depois voltei a cruzar-me com ela na rodagem em Mafra de "La Reine Margot" e lá perdi mais uma vez uma oportunidade de a conhecer, intimidado pela força daqueles olhos. Quando surgiu a possibilidade de integrar o elenco de 1 Motivo, eu receei que "aqueles lindos olhos" tivessem tanta força, ao ponto de eclipsarem tudo e todos nas cenas onde ela entrava.
Lembrei-me da personagem da Cameron Diaz no filme de Spike Jonze "Being John Malkovich", com os olhos castanhos, quase irreconhecível. E lembrei-me de pedir à Anabela, muito timidamente e de uma maneira hiper calculada, se ela não se importava de usar umas lentes de contacto escuras. Surpresa das surpresas: para além de dizer que sim , ficou entusiasmada de poder experimentar essa mudança de visual. Este foi o teste que lhe fiz nos escritórios da D&D.
ANTES, a Anabela que todos conheciam.
DEPOIS, a Odete de 1 Motivo.
Só tenho pena que no resultado final, ela não tenha ficado com os olhos ainda mais escuros. Aí, ia de encontro ao meu desejo, de ter uma Odete mais reservada nas emoções, uma rapariga discreta, "girl next door", mas muito crítica e lúcida com o passado de Virgílio.
Um dos 6 "lobby card" que construí para colocar nas vitrinas do Rivoli, durante o Fantas2007, numa homenagem a todos os cartazes antigos que "anunciavam" os filmes e que foram expostos no extinto Cine Rossio de Viseu, sala onde cresci a ver filmes na infância e adolescência. Todas as fotografias coladas neles são de momentos de pausa de rodagem. Ainda que retiradas do sinal da câmara Betacam Digital, são frames registados pela minha estafada câmara DV que serviu de monitor, em muitas das situações de extrerior de rodagem da curta.
